Stênio Lutgardes Neves nasceu em 18 de novembro de 1924 no Rio de Janeiro. Graduou-se em Direito pela Faculdade do Distrito Federal em 1957, e no ano seguinte ingressou no Ministério Público do antigo Estado do Rio de Janeiro no cargo de Substituto de Promotor de Justiça. Em 1963, se efetivou na instituição por meio de concurso público, tornando-se Promotor de Justiça Substituto, com lotação na 1ª região, que compreende os municípios de Barra Mansa, Resende, Angra dos Reis, Rio Claro e Paraty.

Ao longo da carreira, Dr. Stênio atuou em casos emblemáticos nas Varas Criminais de Duque de Caxias e Niterói. No primeiro, acompanhou as investigações do grupo criminoso “Trinca Maldita”, responsável por cerca de 70 assaltos e pelo menos 20 mortes. À época, o Conselho de Sentença acolheu as acusações apresentadas por ele com um veredicto de 6 a 1. Já na década de 1970, Dr. Stênio integrou a comissão de inquérito responsável por apurar irregularidades na Penitenciaria Vieira Ferreira Neto, em Niterói. O caso ganhou ampla repercussão na imprensa ao expor escândalos de corrupção que resultaram em assassinatos e fugas de presos.

Em 1982, Dr. Stênio fez frente à contravenção ao apresentar provas que ligavam o banqueiro Jorge Romeu, conhecido como Jorge Elefante, e seus oito aliados, dentre eles dois policiais, ao jogo do bicho. A partir de documentos que vinculavam uma das fortalezas do jogo do bicho à Jorge Romeu, o promotor solicitou a condenação de todos os envolvidos no caso.

Stênio Lutgardes Neves aposentou-se no Ministério Público em 1983. Em reconhecimento ao seu intenso e dedicado trabalho, a Revista do Ministério Público escreveu uma nota em sua homenagem, destacando a atuação em júris populares e seu conhecimento técnico, em especial o domínio e destreza com as palavras, o que sempre evidenciou seu espírito combativo.

Mesmo aposentado, Dr. Stênio manteve-se atuante dentro do MP: integrou o Conselho Deliberativo da AMPERJ, de 1986 a 1990, o Conselho Consultivo, de 2007 a 2008, e o Conselho Fiscal, de 2009 a 2014.

Pelo vigoroso trabalho prestado ao MP, recebeu a Medalha Campos Salles (2002), concedida aos membros aposentados que contribuíram para o engrandecimento do Ministério Público, a Medalha do Mérito da AMPERJ (2004) e o Colar do Mérito do Ministério Público (2005).

Stênio Lutgardes Neves faleceu dia 25 de março de 2018, aos 93 anos de idade. Em dezembro do mesmo ano foi homenageado pelo Procurador-Geral de Justiça José Eduardo Ciotola Gussem com a criação do Corredor Cultural Promotor de Justiça Stênio Lutgardes Neves, que conta também com uma placa comemorativa, um dos itens em destaque nessa edição.